AMIGOS DA BLACK

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NOSSA RAIZ,NOSSA HONRA

terça-feira, 31 de maio de 2011

O PODER DESTRUDOR DO CRACK.




Me causa pânico,medo,tristeza, dor,saber que nossos jovens negros tão discriminados pela sociedade,se refugiam nas drogas e descobrem um caminho sem volta...


Custos Sociais do Uso da Cocaína(Crack)

O consumo de drogas é um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo atual. Provoca sérias conseqüências na saúde individual, com dramáticas repercussões familiares, profissionais, sociais, econômicas e ambientais.
Um documento da ONU (1998) lista alguns desses impactos provocados pelas drogas ilícitas:
• Os custos identificáveis do abuso de drogas, incluindo crimes, imposições legais e gastos com serviços de saúde abrangem de 0,5 a 1,3 % do PIB na maioria dos principais países consumidores.
• Com as céleres transformações econômicas e sociais nas últimas décadas houve um aumento no consumo de drogas entre crianças e mulheres tanto nos países desenvolvidos quanto nos subdesenvolvidos. Considerando que muitas mulheres usuárias estão em idade reprodutiva, os efeitos nos fetos são uma crescente preocupação.
• Há um aumento no envolvimento das mulheres na produção ilícita e no tráfico de drogas. Elas são predominantes ceifeiras de ópio na Ásia ou das folhas de coca na América do Sul.
• Enquanto o uso de cocaína pode levar a elevadas taxas de crimes relacionados à aquisição de drogas, os seus consumidores também podem praticar uma ampla variedade de crimes não relacionados às drogas e atividades não criminosas para sustentar o seu uso. • Há elevadas taxas de abusadores de drogas entre médicos, enfermeiros, militares, executivos, motoristas de caminhões, pilotos e trabalhadores nas linhas de montagem.
• Devido ao aumento do consumo global de drogas ilícitas, a mortalidade relacionada ao abuso de substâncias mais do que triplicou na última década. Dados recentes sugerem que o uso de substâncias injetáveis é responsável por entre 100 mil a 200 mil mortes por ano.
• Durante o cultivo de coca e da papoula do ópio, houve um aumento do emprego de poderosos herbicidas, pesticidas e fertilizantes, freqüentemente sem conhecimento técnico dos seus usos e potenciais efeitos danosos ao ambiente.
• A intensificação do cultivo da coca na planície alagada de Hualaga e nas colinas baixas adjacentes no Peru, assim como uma vigorosa expansão dentro das florestas montanhosas, é responsável pela aniquilação de um milhão de hectares dos recursos da floresta tropical.
• A destruição da floresta Amazônica pelo cultivo de coca contribui para a perda de raras espécies de plantas das quais futuras drogas farmacêuticas e outras substâncias benéficas poderiam ser desenvolvidas; tendo em vista que um sexto dos medicamentos prescritos possuem um princípio químico originado de uma planta tropical.

Nos Estados Unidos, o National Institute of Drug Abuse (NIDA) estima que em 2000 as drogas ilícitas custaram ao país cerca de 160 bilhões de dólares.
• US$ 110 bilhões em perda de produtividade
• US$ 12.9 bilhões em custos de cuidados de saúde
• US$ 35 bilhões em outros custos, tais como esforços para obstruir a circulação das drogas.

Além disso, houve outros custos para a sociedade:
• Disseminação de doenças infecciosas como HIV/AIDS e hepatite C através do compartilhamento de seringas ou prática de sexo inseguro.
• Mortes devidas à overdose ou outras complicações pelo uso de drogas
• Efeitos nos filhos de gestantes usuárias de drogas
• Outros efeitos como o crime e prisões.

Por outro lado, no Canadá o estudo "The Costs of Substance Abuse in Canada in 2002" estima que nesse ano os encargos ocasionados pelo abuso de substâncias, medidos em serviços de saúde, imposições legais, perda de produtividade, no trabalho ou em casa, resultado de morte prematura ou seqüelas, teve para o país um custo social de 39,8 bilhões de dólares. Examina o impacto do abuso de drogas em termos de mortes, doenças e custos econômicos provocados, total ou parcialmente, pelo abuso de tabaco, álcool e drogas ilícitas.
Em termos econômicos, o estudo avalia que o abuso ocorre quando o uso de substâncias impõe custos à sociedade que excedem os custos para o usuário obter a substância. Tais custos são denominados de custos "sociais".
O abuso de drogas representa um escoadouro na economia dos países e quatro razões são apontadas para se estimar tal custo social:
1- Estimativas econômicas são freqüentemente utilizadas para argumentar que deveria ser dada uma alta prioridade para as políticas relacionadas ao álcool, tabaco e outras drogas.
2- Os custos estimados auxiliam a abordar de modo apropriado os problemas relacionados ao abuso de drogas e propor políticas específicas para eles.
3- Os estudos de custos ajudam a identificar lacunas de informação, pesquisas necessárias e refinamentos desejáveis nos sistemas nacionais de relatos estatísticos.
4- O desenvolvimento de melhores estimativas mais precisas sobre esses custos pode fornecer medidas para determinar referências sobre a efetividade dos programas e políticas de drogas.
O estudo canadense relaciona duas categorias básicas de custos sociais associados com abuso de substâncias: custos diretos e indiretos.
Os principais custos diretos são:
1- Os cuidados de saúde são os maiores custos diretos incluindo os atendimentos agudos e hospitalizações psiquiátricas, tratamento especializado hospitalar e ambulatorial, atendimento médico e medicamentos.
2- Custos voltados ao cumprimento das leis – incluídos os relacionados a crimes associados às drogas, tais como posse de drogas, cultivo ou venda de substâncias ilícitas. Também os crimes parcialmente atribuíveis às drogas, como roubos ou assaltos praticados por dependentes para comprar as drogas; ou aqueles praticados por indivíduos intoxicados, que se comportam de modo diferente do habitual.
3- Custos com pesquisas e prevenção do uso de substâncias e outros custos como danos por incêndios, acidentes de automóveis e custos nas empresas relacionados a programas de assistência aos empregados e teste de uso de drogas.

Os principais custos indiretos abordados pelos canadenses referem-se à perda de produtividade no trabalho ou em casa, que são difíceis de calcular. Se uma pessoa precocemente morre ou torna-se incapaz de trabalhar por uma doença ou trauma devido ao abuso de drogas, a contribuição econômica que ela poderia fazer à sociedade é reduzida ou eliminada.
Embora as mortes de canadenses estejam mais associadas ao consumo de álcool e tabaco do que ao uso de drogas ilícitas, estas mortes por drogas ilícitas tendem a atingir mais pessoas jovens provocando um impacto maior em termos de anos de vida perdidos.
Em 2002 um total de 1.695 canadenses morreu como resultado do uso de substâncias ilícitas (cocaína e heroína), representando 0,8% do total de mortes. As principais causas dessas mortes foram overdose (958), suicídio (295), hepatite C (165). As mortes relacionadas ao uso de drogas ilícitas resultaram na perda 62.110 potenciais anos de vida; e as doenças atribuíveis a esse uso computam 352.121 dias de cuidados em hospitais.
Os custos atribuíveis às drogas ilícitas em 2002 no Canadá foram estimados em aproximadamente 8,2 bilhões de dólares. Isso representa 20,7% do total de custos do abuso de substâncias. O maior custo econômico foi de 4,7 bilhões por perda de produtividade devido a doenças e morte prematura, 2,3 bilhões por sanções legais e mais de 1,1 bilhão em custos diretos em cuidados de saúde.
De modo geral, as perdas de produtividade constituem a maior parte dos custos sociais.
A Forma de Crack
Podemos obter uma boa dimensão das repercussões que a cocaína determina em uma sociedade, especialmente a partir do surgimento do seu consumo na forma de crack, no estudo "Measuring the Impact of CrackCocaine" (Fryer, 2006) que avalia esse impacto no Estados Unidos.
O estudo aponta que uma ampla escala de indicadores sociais que vinham se desenvolvendo favoravelmente para a comunidade negra, tornou-se negativa nos anos 80 e começou a recuperar-se fortemente uma década depois. Os autores resolveram explorar se a ascensão e a queda do crack poderia explicar esses padrões.
Os dados demonstram que entre 1984-1994 a taxa de homicídios para negros do sexo masculino com idade entre 14-17 anos mais que dobrou e as taxas de homicídios para homens negros entre 18-25 anos também aumentou. No mesmo período a taxa de homicídio para homens negros com 25 anos ou mais era essencialmente plana. No ano 2000, as taxas de homicídio caíram bem abaixo dos níveis iniciais dos anos 80 para quase todos os grupos etários.
Além do homicídio outros resultados exibiram flutuações no mesmo período na comunidade negra, tais como:
- as taxas de mortalidade fetal e prisões por armas aumentaram mais de 25%,
-o número de crianças vivendo em instituições de abrigo – mais que dobrou
- o número de bebês com baixo peso de nascimento, aumentou 5%.

Entre os brancos houve poucas evidências de choques adversos paralelos. O desempenho pobre dos negros em relação aos brancos representa uma interrupção de décadas de convergência nos indicadores entre brancos e negros em muitas dessas medidas.
Os autores afirmam que as concomitantes elevações e quedas nos resultados tão discrepantes como homicídios em jovens, bebês com baixo peso de nascimento e números de instituições abrigos apresentam-se como um quebra-cabeça, especialmente quando muitos padrões econômicos e medidas do mercado de trabalho para negros não mostram nenhuma tendência de desvio óbvio no mesmo período. Por isso decidiram examinar a importância que um único fator subjacente – crack cocaína – poderia ter sobre a flutuação em todos esses resultados.
Como faltava uma medida direta da prevalência de crack, os autores construíram um índice baseado em uma série de substitutos indiretos (prisões por cocaína, atendimentos em salas de emergência por uso de cocaína, mortes induzidas por cocaína, citações de crack em jornais, apreensões de drogas pela Drug Enforcement Administration).
O índex de crack criado pelos autores reproduziu muito dos padrões espaciais e temporais nas descrições etnográficas e populares da epidemia de crack.
Os autores entendem que os índices por eles criados tanto podem explicar muito do aumento dos homicídios em jovens negros, como a elevação moderada em uma grande série de maus resultados em nascimentos de bebês negros nos anos 80.
Apesar dos índices terem permanecido elevados nos anos 90, os impactos sociais deletérios do crack desapareceram. E para os estudiosos uma das interpretações para esse resultado é que as transformações ao longo do tempo no comportamento, no mercado de crack e na população usuária de crack mitigaram os impactos danosos dessa droga.
Por fim, os autores sugerem que os enormes custos sociais do crack têm sido associados mais à violência relacionada à proibição do que ao uso per se.
O estudo demonstra que características da cocaína determinaram seu mercado e o modo de consumo. O mesmo ocorreu com o surgimento do crack, que por sua composição, características farmacológicas e via de administração provocou uma transformação radical, pelo menos nos primeiros anos de seu surgimento, no mercado consumidor e nos seus conseqüentes custos sociais, como veremos a seguir.
Nos anos 70, nos Estados Unidos, a cocaína emergiu com uma droga recreacional popular, mas de custo elevado. O preço do pó puro de cocaína nas ruas em 2004 seria de U$ 300 a 600 o grama, o que leva a duas importantes implicações:
1) os usuários estão concentrados entre os muito ricos;
2) a compra de cocaína no varejo requer centenas de dólares porque é impraticável negociar em frações de grama.

O crack é uma variação da cocaína – que é dissolvida em água adicionada com soda cáustica e calor. Essa mistura quando seca, toma a forma de duras pedras fumáveis. Uma pedra de crack que cotem um décimo de grama de cocaína pura é vendida por 10 dólares nas ruas e produz uma efeito intenso, mas que dura pouco (apenas 15 minutos).
O crack é uma importante inovação tecnológica em muitos aspectos:
1) o crack pode ser fumado, que é um meio efetivo para se atingir o efeito farmacológico da droga.
2) Pode ser vendido em pequenas unidades contendo frações de cocaína pura, abrindo o mercado para consumidores que querem gastar U$ 10 de cada vez.
3) Tem um alto poder dependógeno e seus efeitos são fortes e de curta duração, criando um grande contingente de usuários desejando comprar as pedras em alta freqüência.
4) Os lucros associados com a sua venda rapidamente eclipsaram o de outras drogas.
5) O crack é vendido em grandes volumes em lugares abertos, na rua, entre traficantes e consumidores que não se conhecem.

A descrição do impacto do crack na sociedade americana mostra que essa droga estava concentrada nas cidades centrais, principalmente naquelas com grande população negra e hispânica. Dentre as com maiores prevalências de crack são citadas: Newark, São Francisco, Fildadélfia, Atlanta e Nova Yorque. Embora essa droga tenha chegado rápido na costa oeste os impactos foram mais sentidos no nordeste e estados do médio Atlântico. O meio-oeste teve baixas taxas de crack.
Os índices estão fortemente relacionados com uma lista de indicadores sociais:
- o nascimento do crack em 1984-89 está associado com o dobro de homicídios vitimando negros entre 14-17, 30% de aumento para negros de 18-24 anos e 10% de aumento para negros de 25 anos ou mais.
O aumento do crack pode explicar 20 a 100% da elevação observada entre os negros de nascimentos de bebês com baixo peso, morte fetal, mortalidade infantil e mães solteiras, em grandes cidades entre 1984 e 1989.
O impacto do crack em brancos é pequeno e estatisticamente insignificante.
Estima-se que o crack está associado com 5% do aumento em todos os crimes violentos e contra a propriedade em grandes cidades entre 1984 e 1989.
Para os autores, três fatores podem estar relacionados à devastação que o crack provocou na comunidade negra.
1) Gangues de rua que já controlavam os espaços exteriores, tornaram-se os vendedores de crack. A violência, que é o primeiro meio para se estabelecer o território e a propriedade da droga e seu comércio, cresceu de modo dramático, e potencialmente levou ao agudo aumento da violência na juventude negra.
2) A recompensa elevada pela venda da droga atraiu os jovens negros para as gangues e pode ter reduzido o interesse desses jovens pela sua educação.
3) Uma grande fração de usuários de crack era de meninas e jovens negras. A prostituição era comum entre elas, potencializando a disseminação da AIDS e o nascimento indesejável de bebês de baixo peso – os "crackbabies".
Pais e mães dependentes de crack, que freqüentemente são presos, têm menor probabilidade de oferecer lares saudáveis e protetores para as crianças, ocasionando perda do pátrio poder.
Entretanto, o elo entre o crack e os resultados sociais adversos enfraquece no decorrer do tempo. Tanto que, embora o uso de crack permanecesse em níveis elevados nos anos 90, a relação entre crack e resultados sociais indesejáveis desapareceu.
Para os autores, a hipótese da separação entre crack e violência pode estar associada com o declínio da lucratividade da distribuição do crack, que levou ao declínio da competição violenta entre os traficantes.

Na Austrália, um extenso estudo apresenta uma relação de áreas onde os custos sociais pelo abuso de drogas podem ser medidos:
• Perda de produtividade na força de trabalho paga:
- redução da força de trabalho
- absenteísmo
- produtividade no trabalho
• Perda da produtividade no setor doméstico
• Custos hospitalares
• Assistência domiciliar de doentes
• Custos farmacêuticos
• Custos com ambulâncias
• Incêndios provocados por cigarros
• Acidentes de automóveis
• Dor e sofrimento
• Programas de pesquisa, educação e prevenção
• Custos dos crimes relacionados ao uso de drogas
- policiamento
- cortes criminais
- prisões
- alfândega
- perda de produtividade dos presos
- serviços de segurança privada e segurança de casas
- roubo de propriedades
- violência
- lavagem de dinheiro
- despesas judiciais

Tais custos sociais relacionados ao consumo drogas são classificados pelos economistas em dois tipos principais:
1) tangíveis – aumento de despesas médicas, custos dos processos judiciais, de prisões, perda de produtividade.
2) intangíveis – sofrimento emocional, psíquico das vítimas e de seus familiares, mortes das vítimas por abuso das substâncias, ou devidas à violência no narcotráfico.

Os resultados obtidos por esse estudo indicam que na Austrália entre 1998-1999 os custos sociais tangíveis devidos ao uso de tabaco representaram 7,6 bilhões de dólares, pelo álcool 5,5 bilhões e pelas drogas ilícitas 5,1 bilhões. Sendo que os crimes constituem a maior proporção dos custos relacionados às drogas ilícitas.
No mesmo período os custos intangíveis pelo tabaco foram de 13,5 bilhões, pelo álcool 2,0 bilhões e pelas drogas ilícitas 969 milhões de dólares.
Assim, do total de 34, 4 bilhões de dólares em custos sociais pelo abuso de drogas, o tabaco contribuiu com 21,1 bilhões, o álcool com 7,6 bilhões e as drogas ilícitas com 6,1 bilhões de dólares.
Estudos realizados nos Estados Unidos apontam as fortes repercussões que o abuso de drogas acarreta na área criminal, que são a seguir resumidas:

Custos sociais do crime
Estupros, assassinatos, roubos, furtos, arrombamentos, jogos, falsificações, prostituição, violação da lei de drogas, tráfico, proteção (segurança).
Quase 40% dos usuários de crack-cocaína relatam que cometem crimes para obter a droga (BOYUM and KLEIMAN, 1995) e entre 50 a 80% dos indivíduos que são presos por crimes não relacionados às drogas apresentam testes positivos para drogas no momento que são presos (FREEMAN, 1996).
KUJMAR (1997) relata que a maioria dos estudos avalia diversos custos sociais relacionados ao uso de drogas, focando principalmente, na prisão, proteção policial, perda patrimonial, despesas médicas a outros custos intangíveis. Mas esses estudos não consideraram a dor e o sofrimento infligidos às vítimas dos crimes e às suas famílias, bem como outras perdas intangíveis sofridas pelas vítimas.
O estudo divide os custos sociais relacionados aos crimes em quatro categorias principais
1) Custos das vítimas:
Incluem cuidados médicos, perda de salário, redução da produtividade e danos à propriedade que incorrem as vítimas do crime, bem como a dor e o sofrimento que elas sofrem como resultado do crime.

2) Custos da proteção contra o crime e aplicação da lei:
Incluem custos da proteção policial, custos dos processos do sistema legal, custos legais privados, custos do tráfico de drogas (para crimes relacionados às drogas) e custos correcionais, incluindo prisões.

3) Custos profissionais/ perdas de produtividade
Referem-se aos valores das perdas da produtividade dos cidadãos obedientes à lei que entram para o mundo do crime, ao invés de adotarem uma profissão lícita que poderia beneficiar a sociedade diretamente.

4) Outros custos externos:
Os efeitos dos crimes afetam muitos segmentos da sociedade. À medida que há uma escalada do crime, os cidadãos que não foram vitimados por ele, são envolvidos pelo medo e o estresse psicológico de tornaram-se vítimas. Além desse tributo emocional, os indivíduos desenvolvem outras atividades tais como: como adquirir cadeados, armas, alarmes, serviços de proteção, carros blindados, etc.

Muitos desses custos, tais como despesas médicas, perda de salários das vítimas, custos de proteção são mensuráveis diretamente porque são observáveis; e podem ser denominados como "custos diretos" ou "custos tangíveis".
Os custos intangíveis das vítimas de crime são difíceis de medir porque o bem-estar individual ou a utilidade é um conceito teórico que não pode ser facilmente convertido em rendimentos ou equivalente monetário.
Vale ressaltar que esses estudos são contestados por autores importantes, que questionam tais conclusões, por entenderem que esses custos são na sua maior parte atribuíveis à proibição do uso de drogas.
No Brasil, não estão disponíveis trabalhos que avaliem os custos sociais do abuso de cocaína-crack. Mas alguns dados são importantes para vislumbrarmos o impacto desse consumo.
Os dados do I Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil – 2001 – CEBRID - apontem para uma baixa prevalência do uso de cocaína em todas as faixas etárias nas principais cidades do Brasil e por isso não apresenta dados sobre dependentes dessa droga.
No entanto, a cocaína está bastante presente em diversos outros fenômenos que acontecem no cotidiano das grandes cidades brasileiras. E nos últimos anos essa droga vem sendo difundida por todo o país, sendo hoje encontrada mesmo em pequenas cidades.
O consumo de crack é observável a olho nu nas ruas, tanto por adultos, quanto por crianças e adolescentes. O Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua nas 27 Capitais Brasileiras – 2003 – CEBRID – demonstra que o consumo de derivados da coca, cocaína, crack e/ou merla, ainda que em uso experimental (na vida), foi mencionado em todas as capitais brasileiras. E o uso recente de crack foi relatado em 22 capitais, sendo que os maiores índices ocorreram em São Paulo, Recife, Curitiba e Vitória (entre 15 e 26%).
O estudo identificou que a tendência de aumento observada entre estudantes (de 0,5% em 1987 para 2% em 1997) reproduziu-se nos levantamentos entre crianças e adolescentes em situações de rua e que "os resultados dessa pesquisa confirmam a disponibilidade e o consumo de derivados de cocaína no Brasil de forma geral" (p.55).
De acordo com os autores do Levantamento, esse aumento do consumo dos derivados da coca é preocupante, tanto porque podem ser muito prejudiciais a curto prazo, quanto porque agravam os problemas vividos por essa população – causando isolamento social e prejudicando a formação de vínculos, que são essenciais para a reinserção social.
A disseminação do crack em nosso país, a exemplo de outros, é acompanhada pelo aumento da criminalidade, como a violência entre as gangues de traficantes, assaltos em sinaleiros, seqüestros relâmpagos, assassinatos, chacinas freqüentes, com a morte, principalmente de jovens e crianças.
Como conseqüência, há uma modificação nos mais diversos e simples modos de vida.
Uma publicação da ONU (1998) - afirma que o abuso e a dependência de substâncias mudaram a vida nas sociedades em todo o mundo. Tais mudanças devem-se, em especial, aos crimes, que são uma das principais conseqüências sociais e econômicas do abuso de drogas. Ao ocorrerem, na maior parte, em áreas urbanas, tais crimes afetam o cotidiano das cidades e das pessoas nos mais diversos e simples modos de vida.
Tais repercussões são bem conhecidas nas grandes cidades brasileiras, influindo, entre outras atitudes, em como as pessoas dirigem (não parando em sinaleiros à noite), como protegem as casas e automóveis (blindagem, alarmes, muros, cercas eletrificadas), pagando seguros mais caros para carros e propriedades, nas mudanças de tipos de transporte e de itinerários, procurando evitar determinadas áreas e até como as pessoas percebem umas às outras (estigmas sociais) – e na divisão das cidades em mundos quase incomunicáveis, polarizados entre as favelas e os condomínios fechados de alto luxo.
Se as drogas, e a cocaína em particular, não são as únicas responsáveis por toda essa degeneração social, em muito influenciam esses fenômenos, que devem ser estudados e compreendidos para que a sociedade e o Estado reflitam e tomem posição no sentido de buscar soluções para todos esses graves problemas.
Essa breve apresentação objetiva estimular a discussão e o estudo desse tema.

 
 
 
COCAÍNA
É um produto extraído da planta "Erythroxylon coca", ou, como é popularmente conhecida, "coca" ou "epadu". Sendo uma planta tipicamente sul americana, é nativa dos Andes, onde mascar sua folhas, "coquear", é um hábito tradicional que remonta vários séculos. Sua principal função é evitar a sede, a fome e o frio.

Podemos encontrar, em algumas sociedades andinas, um valor cultural e mitológico ligado à coca. Em certas sociedades, por exemplo, é aplicada a folha no recém-nascido para secagem do cordão umbilical - que depois é enterrado com as folhas, representando um talismã para o resto da vida do indivíduo. Em certas cerimonias funerais, é usada, também, mediante certos rituais, como forma de apaziguar e tranqüilizar os espíritos.

O papel sócio-cultural da coca é importante em alguns países andinos. Dois exemplos são o Peru e a Bolívia, onde é consumida também sob a forma de chá, com propriedades medicinais que auxiliam principalmente problemas digestivos. Sua importância é tal que, neste primeiro país, existe até um órgão do governo encarregado de controlar a qualidade das folhas vendidas no comércio, o "Instituto Peruano da Coca".

Se em alguns países andinos a coca é um bem sócio-cultural, histórica e tradicionalmente importante, em outros países, como no Brasil, é vista como um "mal, algo a ser combatido e exterminado de qualquer maneira". A lei destes países procura taxar o seu uso como ilícito e a sociedade, em sua maioria, procura estigmatizar seus usuários como "desviantes" ou "marginais".
O uso mais comum nestes casos é sob a forma de sal - o cloridrato de cocaína. É consumida via nasal, ou seja, aspirada, "cheirada". Por ser uma droga cara, seu uso é dificultado a pessoas de baixa renda. Se o "pó", como é popularmente conhecido o sal cloridrato de cocaína, é muito caro, favorecendo o seu uso pelas camadas mais altas da sociedade, o uso da coca tornou-se mais acessível à população de baixa renda com o advento do "crack". Esta é uma forma de uso que surgiu nos Estados Unidos, entre a população negra, e que começou a se difundir no Brasil, principalmente na periferia das grandes cidades. No crack, a substância usada é a pasta básica de coca ("freebasing", em inglês).

Mas não é só "cheirando o pó" ou "fumando o crack" que se consome a cocaína, pode-se também injetá-la, depois de diluída em água, na corrente sangüínea. O "pico" como é conhecida esta forma de uso, produz um efeito chamado de "rush" ou "baque".
A diferença principal entre a Cocaína e o Crack é que a cocaína como a conhecemos está no estado de sal, sendo assim demora algum tempo para que o corpo possa processá-lo e extrair dele as substâncias que farão o efeito. É assim se a pessoa cheirar ou injetar. Já no caso do Crack, a cocaína é fumada, dessa forma, a substância encontra-se na sua forma molecular, livre. A absorção pelo organismo será muito mais rápida. Muito pior e até fatal.



 
# EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

# A cocaína provoca sensação de euforia e bem-estar, desinibição, aumento do humor e da libido* , idéia de grandiosidade, sensação de poder, irritabilidade, falta de apetite e aumento da atenção a estímulos externos.

# Com o aumento da dose: reações de pânico, sensação de estar sendo perseguido, às vezes alucinações auditivas e táteis (escutar vozes, sentir sensação de bichos andando pelo corpo). O quadro completo é chamado de "psicose cocaínica".

# Intoxicação aguda: em intoxicação com doses mais altas, quadro de síndrome cerebral orgânica (SCO), caracterizado por confusão e desorientação, podendo resultar em lesões cerebrais* irreversíveis.

# Efeitos físicos: dilatação das pupilas, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, podendo provocar infarto e arritmias em órgãos do corpo*, que causam morte súbita. Menciona-se ocorrências de convulsões generalizadas e aumento da temperatura capaz de induzir convulsões.

# Com a aplicação endovenosa* , corre-se o risco de contrair os vírus do hepatite e da AIDS.

# O uso contínuo pode causar quadro paranóico, irritabilidade e agressividade. Pode elevar a pressão arterial, provocar taquicardia* e levar à parada cardíaca, o que em geral acontece nos casos de overdose. O uso crônico lesa o septo nasal e causa degeneração dos músculos esqueléticos .

# O usuário muitas vezes troca o dia pela noite e amagrece rapidamente. Com o efeito da cocaína, alguns usuários tornam-se agressivos, impulsivos e chegam até a deixar de lado suas responsabilidades.

* Libido: instintos como "desejo violento", "paixão" e "luxúria".

* Lesão cerebral: danos ao cérebro.

* Arritmias em órgãos do corpo: perda do ritmo no funcionamento dos órgãos.

* Endovenosa: aplicado diretamente na veia, usando seringas.

* Taquicardia: aumento das batidas do coração.

# NOMES POPULARES:
# Pó, neve, brisola, bright, branquinha, pico, crack, coca, basuko, pedaço, farinha, etc.

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