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quinta-feira, 26 de maio de 2011

APARTHEID E OS NOVOS MILIONÁRIOS NEGROS

Serviço comunitário para homenagear 67 anos de luta contra o apartheid
 
Na África do Sul, os organizadores do Dia de Mandela pediram que a população dedicasse ao menos um minuto de serviço comunitário para cada um dos 67 anos em que Mandela fez campanha contra o "apartheid". Os voluntários angariaram roupas para crianças pobres, pintaram escolas, restauraram um centro para vítimas de incêndios e plantaram árvores perto da casa onde Mandela passou sua juventude.
Em Johanesburgo, a enfermeira Thandiwe Gwinza foi direto de seu turno da noite em um hospital para trabalhar como voluntária em uma cozinha popular neste sábado.
- Nesta manhã, o que fiz foi ajudar a comunidade a preparar sopa. Fiz sopa para as pessoas e dei minhas roupas velhas.
Os voluntários no abrigo para animais em Johannesburgo, chamado CLAW (garra em inglês), cantaram "Parabéns" para Mandela antes de começar o trabalho. Crianças de comunidades pobres se ofereceram para cuidar dos cachorros.
- Acho que trabalhar voluntariamente 67 minutos é um começo, mas realmente deveria ser um estilo de vida - afirmou Cora Bailey, diretora do CLAW.
 
 
Os emergentes
17 anos após o fim do apartheid,
milionários negros vivem como os
brancos na África do Sul


Existe hoje na África do Sul uma novíssima classe de milionários negros. São empresários, altos executivos, profissionais liberais, comerciantes e até mesmo líderes políticos que tiveram uma ascensão meteórica após a democratização, em 1994, marcada pela transferência do poder dos brancos para a maioria negra. Em 1996, os negros representavam apenas 13% dos sul-africanos mais ricos. Hoje, eles já somam 23% e, aos poucos, começam a ocupar espaços antes reservados à minoria branca. Trocaram os violentos bairros negros pelos subúrbios ricos das grandes cidades, nos quais no passado só podiam entrar como trabalhadores. É comum os novos vizinhos serem confundidos pelos brancos com empregados, motoristas ou jardineiros, o que cria situações embaraçosas. Abu Nayiluma, um comerciante negro de 35 anos que fez fortuna com uma rede de lojas de discos, lavava seu BMW na frente de casa, num bairro rico de Johannesburgo, quando um homem branco perguntou se ele não queria ganhar um trocado lavando seu carro em seguida.
 
Os clubes de golfe são um bom exemplo da transformação em curso. Na época do apartheid, os negros limitavam-se a carregar os tacos dos brancos. Hoje, em alguns deles, grande parte dos jogadores é formada por negros abastados, que chegam em carros importados e fecham negócios entre uma tacada e outra – exatamente como os brancos. Muitos desses novos milionários negros admitem o desconforto de viver com luxo enquanto a maioria, incluindo parentes e amigos, continua amargando a pobreza e o desemprego. "Carros de luxo e telefone celular são, para mim, uma forma de celebrar o sucesso", afirma Nayiluma, o dono das lojas de discos. "Um modo de dizer para os outros negros que é possível chegar lá." Logo que mudou o regime, houve casos de enriquecimento suspeito. Pelo menos trinta deputados trocaram a política pela iniciativa privada. Foram atraídos por empresas que admitiram negros influentes para obter contratos com o governo. Ou simplesmente para melhorar sua imagem pública.
Mas a maior parcela dessa nova categoria de milionários tem em torno de 40 anos e nunca se envolveu com política. É oriunda da classe média negra que começou a surgir nas grandes cidades no ocaso do regime racista. Para tentar minimizar o fosso social criado pelo apartheid, o governo sul-africano estuda conceder alguns privilégios aos negros. Uma idéia é entregar pelo menos 40% dos incentivos oficiais destinados à iniciativa privada a empresas controladas por negros. O assunto é polêmico, pois isso irá afetar diretamente a minoria branca – que ainda ocupa os melhores postos no mercado de trabalho. "Em alguns setores estratégicos, não há negros qualificados para substituí-los", disse a VEJA o analista Ian Marsberg, da empresa de consultoria sul-africana DRI-Wefa. Um exemplo é o mercado financeiro. Por enquanto, 98% das ações negociadas na Bolsa de Valores de Johannesburgo ainda estão nas mãos dos brancos. E não será um decreto que vai mudar essa situação da noite para o dia.

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